Recolhi-me à minha insignificância, ao meu silêncio, à minha dor, à minha impotência, ao meu fracasso. Senti tua presença a debruçar-se sobre mim como um manto etéreo, além de toda a minha capacidade. Tua graça não depende do que sou, nem do que faço.
Sou feto mergulhado no profundo mar do teu afeto. Sinto teu coração, tua pulsação, consciente e inconscientemente. Ouço o som do teu mover como órgãos difusos sussurrando canções nas mais profundas grutas do universo, onde o gotejar da tua graça é constante a criar catedrais eternas no espaço. Invólucro que me envolve e revolve o âmago. Semente prestes a brotar. Sobe-me o cheiro da chuva. Réstias de sol no horizonte. Sinto-me tão pequenina diante de uma alvorada infinita. Vislumbro sombras e contornos.
Um antigo salmo ecoa ao longe, envolto em mistério: “Sonda-me, ó Deus...”
Roselena Landenberger