domingo, 7 de novembro de 2010

CONSCIÊNCIA

    Criar é apaixonante. Uma receita nova. Um trabalho artesanal. Um conto, um canto, um ponto multiplicado. Ver as muitas possibilidades de realizar uma tarefa. Fazer com garra, com sonho, com imaginação.
 
    Criar é transcender. É mágica, fuga do tempo, saída de emergência para a eternidade.
 
    Muitos de nós perdemos a capacidade para criar. Talvez nossas asas foram cortadas na tenra infância. Mais tarde, a luta pela sobrevivência se interpôs, abafando o florescer da vida pulsante. Acostumados a sempre competir, adoecemos, vítimas de uma sociedade de consumo. Uma propaganda é resposta para outra que anuncia um produto concorrente. Um filme é cópia mal feita de outro. Cada vez mais tosco, cada vez mais fosco, menos humano, mais coisa.
 
    Reconstruir o mundo é fazer ressaltar as diferenças. Não podemos pintar tudo da mesma cor. Há matizes inexplorados pululando no Universo. O Criador nos presenteou com uma gama infinita de tons. É preciso coragem para ousar fazer o que a grande e arrasadora maioria não quis sequer experimentar. Por medo, comodidade, falta de motivação.
 
    Criar é ser mais parecido com o Criador, é participar da natureza do seu ser. Criar vislumbres de alegria e esperança em meio ao abandono e à dor. Ser Doutores da Alegria, Mestres da Compaixão, PhDs em Solidariedade. Ousar mudar as cores sombrias do quadro em preto e cinza da pobreza e da rejeição. Sem negar a realidade brincando de faz-de-conta, mas na doação de si mesmo para aliviar o sofrimento dos que choram suas perdas numa sociedade que valoriza o falso, o efêmero, que dá carta branca ao corrupto e assiste ao jornal da TV de braços cruzados...
 
    Bem, vou parar por aqui, porque a minha consciência começou a me incomodar...
 
Roselena Landenberger

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