domingo, 3 de outubro de 2010

TEMORES E DESTEMORES


    Não temo a dor da separação. Temo, sim, ser as mãos do algoz que dita as regras da tua execução. Temo ser o amor ardente que sufoca o ser amado e o joga nas masmorras cruéis da manipulação. Temo ser a voz que ecoa nos flagelos dos teus mais temidos pesadelos. Temo ser o olhar fulminante que queima os teus mais ternos e tenros sonhos. Temo ser a razão do gemido excruciante da tua alma que soluça no labirinto da agonia inexplicável. Temo ser a fada com alma de bruxa com sua varinha de condão às bordas do caldeirão em ebulição. Temo ser os pés rudes que marcham impiedosamente sobre teus mosaicos de areia colorida.

    Quero que voes livremente pelos campos do mundo trilhando o azul do infinito, sentindo a brisa a beijar-lhe as faces. Quem sabe, vez por outra voltarás para cantar com tua voz diáfana canções belas e estranhas aprendidas em longínquas terras. Ouvirei solenemente, e ao ver-te partir novamente terei o brilho das estrelas no olhar e o orvalho do céu descendo lentamente pelo rosto ao refletir no infinito um arco-íris de esperança.
 
Roselena Landenberger

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