terça-feira, 7 de dezembro de 2010

CANTILENAS E BAILADOS

    
    Já não temo mais as cantilenas monótonas do coração onde a brisa imprime sempre o mesmo sopro e a cadência é lúgubre e insistente. Eis que o sol já despontou no horizonte da alma tingindo o céu interior de cores e matizes impregnados de vida.
 
    As quimeras de tempos passados desfizeram-se em bolhas etéreas de sabão e no jardim da vida as sementes germinaram no solo fofo, regado pelas lágrimas desoladas da contemplação de uma imagem retorcida e real de um ego assustador que sorria desgrenhada e descaradamente, refletido no abismo.
 
    Com mãos de ternura o barro vai sendo moldado. Por mais ternas e amorosas que sejam estas mãos, é mister que empunhem ferramentas que rasgam de alto a baixo, dilacerando em dor e tormento.
 
    O fio sombrio da obscuridade, puxado do turbilhão das profundezas, ao perpassar pelo tear do Mestre irradia ao toque de suas mãos habilidosas. Somos ambos tecelões da alma e bailamos entrelaçados, rodopiando na linha do tempo, rumo à eternidade.
 
Roselena Landenberger

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